Se relacionar é ser duplamente forte. É ficar duplamente triste. Duplamente feliz. E continuar sendo um só. Amar é segurar as pontas duas vezes.
Se fosse mole, não pensaríamos tanto antes de nos doar para alguém. Quando um relacionamento começa, entregamos o pacote inteiro. E recebemos o pacote do outro também.
É normal você ficar triste, mau humorado, dar patada sem querer, engolir choros e sapos e querer terminar dias infernais com a cara enterrada no travesseiro. Infelizmente, isso é normal para a outra pessoa também. Quem está do outro lado tem o mesmo direito que você de ficar chato às vezes. Qualquer ser humano precisa ficar chato às vezes.
A chatice do namorado ou da namorada parece vir só para testar o nosso sentimento. Quem gosta de verdade, nem pensa em abandonar o barco. Pergunta “o que tá acontecendo?” dez vezes, sugere “posso te ajudar?” outras vinte. Quando percebe que não há mesmo solução – o problema do outro é do outro e ponto – finge deixar pra lá. E pelo menos um pouquinho, continua sofrendo junto. Nem o coração de gelo mais frio do Brasil consegue deixar totalmente pra lá.
Quem sou eu para definir o sentimento de alguém, mas acredito que aqueles que não se doem junto, não gostam tanto assim. Na primeira grande dificuldade, sair fora surge como primeira opção.
Amar é ter que achar o equilíbrio de dois. Quando a gente gosta de verdade, não mede muito esforço. O equilíbrio é natural. Viver e amar junto é basicamente isso. Só os duplamente fortes sobrevivem.
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Sobre o autor: Marcella Brafman sofre de imaginação fértil e só passa escrevendo. Segue ela lá no Twitter e leia também seu blog.
Que texto apaixonante! <3
ResponderExcluirAdooooorei!
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