Diário de um Intercambista!

Hoje a postagem vai ser um pouquinho diferente, mas muito divertida e garanto que vai ajudar muito aos futuros intercambistas! Já recebi vários emails de pedidos para falar mais sobre intercâmbio e viagens em si, inclusive já fiz acredito que apenas uma ou duas postagens. Vocês lembram que eu comentei com vocês (aqui!) sobre o Mateus? Um amigo meu daqui que foi morar no Canadá? Bem, a história ainda não é sobre como foi sua mudança, mas é bem ligada a ele! Conheci o João Eduardo, através do Mateus, ele é seu melhor amigo.

Em 2011, o João resolveu que queria fazer intercâmbio e nada mais legal do que fazer para a cidade do seu melhor amigo, né? Acabou que os pais do Mateus organizaram tudo para sua ida, entrando em contato com a escola para saber quais documentos seriam necessários... O João não precisou entrar contato com nenhuma agência e o intercâmbio saiu bem mais barato do que o previsto. Ele passou 6 meses na cidade de Calgary, no Canadá, teve que fazer novas amizades, se adaptar aos costumes de lá e teve muita dificuldade para se adaptar com o frio e com o "linguajar" de quem já morava lá.

Achei super legal isso dele ir por conta própria - sem nenhuma agência para aconselha-lo, etc - e resolvi conversar mais um pouquinho com ele para saber como foi essa história, aproveitando para perguntar tudo o que rolou no intercâmbio, desde como foram os procedimentos para chegar lá até a hora de ir embora. Ah! Também aproveitei para perguntar sobre as tão famosas festas do Canadá! Confiram!

1. Como surgiu essa ideia de fazer intercâmbio sem nenhuma agência?

Basicamente porque foi uma oportunidade que apareceu. Porque quem organizou as coisas para eu poder ir foram os pais de Mateus,  tipo, já que eu não precisei ter contato com nenhuma empresa, nenhuma agência de intercâmbio até ficou mais fácil e mais barato também. Eles entraram em contato com uma pessoa responsável por toda negociação: documentos para poder entrar na escola. Só que foi mais fácil para mim porque eu tive o apoio de Rafinha (irmão do Mateus) e do Mateus, dos pais dele no caso. 

2. Qual a maior dificuldade em fazer isto?

O problema quando você vai fazer sozinho é que tem que tirar muito documento, ter informação do que você vai precisar para poder pegar, porque por uma empresa é bem mais fácil esse tipo de coisa. Afinal, eles já estão acostumados. Eu só aconselharia alguém a fazer intercâmbio dessa maneira que eu fiz se fosse com alguém conhecido de lá, sabe?! Se você for fazer sozinho, sem conhecer alguém que mora lá fora, ai é melhor você fazer por uma empresa mesmo. 

3.  O fato de você já conhecer o Mateus e o Rafael com toda certeza facilitou o "entrosamento" com as pessoas lá, né? Como foi chegar em uma escola tão diferente das daqui?

Sim, eu já conhecer  Mateus e Rafinha me ajudou muito na convivência lá porque, eu admito, se eu não tivesse ido com eles não teria sido a mesma coisa. Teria conhecido pouquíssimas pessoas e olha, eu também conheci muitos intercambistas que foram sozinhos para lá e acabaram não se entrosando muito com a galera, ficaram mais com os brasileiros porque é difícil se enturmar com pouco tempo. Como eles já estavam lá a mais de 2 anos, foi bem mais fácil para mim conhecer mais gente, ir para festas...

A diferença da escola de la que muita gente gosta de saber, é que tem uma parte que você pode escolher suas aulas, fazer seu horário, mas claro, com certas limitações, porque como você é estudante internacional eles meio que escolhem as aulas para você, para não ter muita dificuldade... Escolher aulas mais básicas, como teatro, eles adoram colocar você em teatro para fazer mais amizades. 

4. Obviamente os costumes de lá são bem diferentes. O que você mais "estranhou" e o que você achou mais "legal"?

Uma coisa que eu notei la que é muito diferente daqui e que as pessoas não imaginam, foi em relação as festas, as meninas são bem mais "soltas", sabe? É normal menino dormir na casa da menina só ficando ou sendo amigo. O que eu achei mais legal de lá, foi a liberdade que a galera tem , você pode sair muito tarde dos lugares e voltar sem medo de que alguém vá lhe assaltar. Pode ir pra as festas sem se preocupar , você sente muita falta disso, porque aqui se não tiver de carro você não pode ir a lugar nenhum.

5. De tudo o que acontecia por lá, o que mais você demorou a se acostumar?

No Canada especificamente que eu demorei a me adaptar foi com o frio. Porque aonde eu fiquei era muito frio, eu saia bem cedo de casa, pois tinha que pegar o metro, ai eu chegava a pegar -30, eu acostumado com Joao Pessoa, né, pegar -30 la era complicado.

6. Eu achei que você tava na mesma escola que os meninos! Foi tudo novo então! Como foi com relação as amizades?

Não, porque a escola deles já estava fechada para intercambistas. O melhor amigo de Rafinha estuda nessa escola, ai ele que me apresentou a galera e me ajudava a chegar nas salas, essas coisas... Ai foi mais tranquilo.

7. Todo mundo fala super bem das festas do Canadá! Fala um pouco como são!

Para ir para as festas você tem que se enturmar com a galera, as festas são bem diferentes das daqui, elas são em casa, não como a gente vai aqui em João Pessoa. Agora quem ta dando a festa esta sofrendo um risco muito grande da galera roubar suas coisas! Já fui em uma festa que roubaram TV da menina, Ipad, Ps3. Apesar de tudo ser bem tranquilo, é perigoso dar festa lá porque a galera bebe muito e não tem controle, pode vir qualquer pessoa, mas as festas são muito massa mesmo. Eu não tive oportunidade de ir para boate como Mateus foi , boate la também é muito massa, mas só vai se for maior de idade mesmo e tem varios tipo, aqui é muito pequeno, ai é sempre tudo igual. Isso é muito bom lá, você tem muita opção para onde ir.

8. Qual foi a maior loucura que você fez lá?

Eu tava com Mateus, nessa festa que era afastada da cidade, era tipo uma "fazendinha", sabe? Ai chegaram uns caras que gostam de brigar, eles começaram a quebrar as coisas na festa... Alguém chamou a policia e quando todo mundo escutou a sirene saiu correndo, só que eu não sabia o que fazer, fazia muito pouco tempo que eu havia chegado lá. Mateus me segurou e fez "João, corre!". Só que a gente não tinha como voltar, pulamos a cerca que dava para a estrada e quando a gente viu, tinha uma combe saindo, por sorte, a gente viu que um amigo nosso que tava la! Esse homem da combe tava dando carona pra Mitja (amigo de Mateus), ai a gente foi para casa... Acho que foi essa a maior loucura. 

9. De lá, o que você sente mais falta?

Uma coisa que eu sinto muita falta lá, por mais impressionante que seja é a comida, eu gostava muito de tomar café da manha lá, tinha muitos no estilo Starbucks, eu ia la direto! Sinto muita falta também de muita gente, sinto falta dos amigos que eu fiz.

10. Queria saber a maior dificuldade que você teve lá e um erro que você cometeu que poderia aconselhar as outras pessoas que vão para não fazerem o mesmo?

A maior dificuldade, eu acho que foi, a língua em si, porque mesmo eu falando em inglês, é muito diferente quando você não fala a "lingua nativa", digamos assim. A comunicação é meio que falha, é muito diferente, você não consegue interagir da mesma forma. A língua dificulta um pouquinho, mesmo você sabendo o que a galera fala, para se comunicar como eles se comunicam leva um tempo. Agora um erro que eu cometi foi eu ficar muito na minha, eu tinha muito medo de ir falar com as pessoas, por isso eu acho que eu fiz menos amizades do que eu poderia ter feito, poderia ter feito muito mais se eu tivesse tido coragem, de falar com a galera, acho que teria sido melhor meu intercambio, mas foi muito bom no geral.

11. Em que o intercâmbio mais te mudou? Assim, te fez amadurecer como?

Além da questão da língua, você tem uma convivência com varias pessoas diferentes e você enfrenta muitas dificuldades, no começo não é fácil. Eu senti muita falta do meu irmão menor, porque eu sou muito apegado a ele. Eu sentia muita falta dele no começo, você fica muito inseguro, pois não sabe o que vai acontecer... Se vai dar certo, normalmente da né, mas você fica muito inseguro no começo. Eu amadureci muito nesse sentido, tipo, no começo você não consegue se comunicar bem e ter que saber desenrolar. 

12. Por que você acha que fazer intercâmbio é bom?

Além de você conhecer muita gente diferente, já que no lugar onde eu tava tinha muito imigrante, é gente de muito lugar diferente, muitas culturas,  isso foi muito massa. Eu indico muito quem queira fazer, mas é aquela coisa, você tem que ter coragem, não pode ser tímido, nem ter vergonha, se não tiver essas caraterista fazer intercambio é muito difícil. Mas eu indico muito quem queira fazer, você cresce muito como pessoa e sem falar que, no futuro, colocar no currículo é muito interessante também. 

13. O que você tem a dizer as pessoas que querem fazer o mesmo?

Uma dica que eu dou para pessoas que queiram fazer, é se enturmar, você tem que 'botar a cara', porque se você não colocar ninguém vai atras de você não. No começo eles ainda chegam curiosos "ah, intercambista e tal" , mas é só isso. Até porque lá tem muito imigrante, ou seja, é uma coisa muito natural. Se você não for atras, você não vai fazer amizade e no começo é bem difícil.