9.9.14

9.9.14

Diário de Mudança: Do Brasil para o Canadá


A postagem do Diário de um Intercambista fez tanto sucesso que recebi muitos emails não só elogiando, mas também pedindo para contar a história da mudança do Mateus e do Rafael, que foi através deles que conheci o João da postagem anterior. Conheci o Mateus na semi-final do jogo do Brasil em Julho, eu já havia visto algumas fotos dele no insta e quando o vi pessoalmente achei que ele tinha acabado de voltar de um intercâmbio. Depois dai ficamos super amigos e foi quando eu soube que na verdade ele morava no Canadá já faziam 4 anos e só estava passando férias aqui.

Quando o pai dos meninos estava começando a sua carreira profissional, ele acabou conhecendo alguns Canadenses em uma palestra, que acabou convencendo-o que mudar para o Canadá seria uma ótima ideia. Um país bilíngue, cujo qual um dos principais idiomas falados é o inglês, sem falar que era seguro, economicamente estável e cheio de oportunidades para serem aproveitadas, tanto socialmente quanto profissionalmente. Falando assim, parece que na mudança foi tudo lindo e maravilhoso, né? Mas os primeiros meses para os meninos foram os piores, afinal, eles estavam em um lugar onde toda a cultura era completamente diferente do que estavam acostumados.

Assim como eu adorei conhecer o Mateus e toda a sua história desde o começo da sua mudança, tive a certeza que vocês também iriam adorar saber, inclusive para quem pretende passar pelo mesmo futuramente. Então, conversei com ele para contar como foi nos mínimos detalhes. Olha só!


1. Vocês sendo um pouco novos quando se mudaram deixou tudo mais difícil?

Não, pelo contrario, facilitou muito as coisas. Quanto mais novo você se muda para um ambiente diferente, mais fácil fica de se adaptar. Em 2010, ano que nos mudamos, eu tinha 14 anos e meu irmão tinha apenas 12. Não demorou mais do que 1 ano para nos adaptarmos com a língua, clima e cultura canadense.

2. Como foi chegar em um lugar onde você não conheciam nada e acredito que falava pouco inglês?

No nosso caso, meu e de meu irmão, foi normal. Estávamos cientes de que começaríamos tudo do zero, sem conhecer ninguém nem nada. Seria uma jornada difícil, mas necessária para a nossa vida.

3. Conta da experiência na escola, na cidade, na mudança em si. Desde as partes mais legais as mais difíceis.

Vir para cá foi definitivamente muito bom. Claro que os primeiros meses foram os piores. O fato de ser imigrantes em um país cujo a língua e cultura são completamente diferentes das suas, ajuda muito a pessoa a sofrer com solidão. A comunidade brasileira aqui na cidade de Calgary é extremamente pequena. Não conseguia fazer muitos amigos no começo, e sentia muita falta da galera do Brasil. Porém, High School (Ensino Médio) começou, meu inglês tinha melhorado muito e a vida ficou bem mais fácil. Conheci muita gente, fiz centenas de amizades. Dai festa e farra viraram frequentes. Cada novo final de semana, mais gente eu conhecia. E assim foi até o termino. Melhores 3 anos da minha vida! Nunca irei esquecer.


4. Como foi deixar amigos, família e começar uma vida nova?

HORRÍVEL. Nunca chorei tanto quanto no dia 9 de setembro de 2010, dia em que me despedi da minha família (tios e avós) e do meu melhor amigo de infância João Eduardo. Me lembro que após dizer adeus, eu sentei no carro, fechei meus olhos e pensei "Deus, veja quanto sofro, me ajuda. Não deixe o Canadá ser ruim para mim." Mas isso faz parte, sabe? Estávamos todos cientes que a decisão já estava tomada e era a certa. O adeus da vida antiga sempre é o primeiro passo na construção da vida nova.

5. Do que você mais sentiu falta com relação ao Brasil?

COMIDA! AHHHHH! Não existe coisa melhor que a culinária brasileira, ou melhor, culinária nordestina. Todos os anos quando vou visitar o Brasil, engordo 3 ou 4 kg de tanto comer. Vale a pena. Meu amigos mais próximos João Eduardo, Henrique Maia, Mauricio e Marcio Timothéo, e minha queria família de Campina Grande também me dão muita saudade. Se pudesse, trariam eles todos para mora aqui com a gente.

6. O que vocês mais gostam no Canadá?

Segurança. Sabe, já passei por muita coisa boa aqui, e com certeza grande parte delas só viraram possíveis graças a liberdade e segurança desse país. Não existe coisa melhor do que ir para uma festa sem se preocupar se arranja carona ou não, sair de lá as 2 horas da madrugada, pegar o metrô, e chegar em casa tranquilo e seguro.


7. Quanto tempo demoraram para se acostumar?

Demorei mais ou menos um ano. O primeiro inverno que passamos aqui foi devastador. Muito frio, muita neve. O povo daqui também não é tão carismático como o Brasileiro não, então demorei um pouco para me acostumar. Depois de um ano, eu já entendia mais ou menos a cultura local, meu Inglês se tornou bem melhor e experiências me amadureceram muito. Consequentemente, a minha vida melhorou bastante.

8. Quanto aos costumes dai, qual você mais estranhou e qual achou o mais "legal"?

Costume de dar carinho aqui não existe, pelo menos, não como no Brasil. Carinho aqui muitas vezes e levado como "dando em cima" - falo isso por experiência própria. Achei isso muito chato e demorou um pouco para me acostumar. No entanto, aqui eles tem o costume de serem extremamente educados. Respeitam não só as leis, mas também o seu espaço pessoal. Acho isso muito legal.

9. Sobre a cidade de vocês, o que mais gostam, o que acontece... Contem mais sobre ela.

Moramos em Calgary. Cidade de mais ou menos 1.2 milhões de habitantes, sempre esta citada nas listas das melhores cidades para se morar no mundo. Aqui é extremamente seguro. Temos uma policia extremamente eficiente e um sistema publico que da inveja a outras cidades, inclusive canadenses. O lado ruim dessa cidade, eu acho, é o fato de ser um pouco chata. Não há muitos festivais ou festas publicas aqui. A população jovem tem que se conter com festas privadas, ou boates e bares.

Existe apenas um festival de vergonha: o Stampede. Digamos que o Stampede, seja o relativo ao São João de Campina Grande. Um grande espaço público se torna um conjunto de bares e palcos, cujo quais recebem bandas extremamente famosas internacionalmente. Ano passado, a banda de rock KISS, como também o rapper 50 cent, cantaram aqui. O mais legal de tudo: você não precisa pagar nenhum ingresso. As atrações são pagas pela prefeitura. Os bares, no entanto, cobram o preço dos olhos por uma bebida ou outra.


10. Você gosta de morar ai? Pretende voltar para o Brasil?

DEMAIS. Estou extremamente satisfeito com minha vida aqui, graças a Deus. Mas, sim, pretendo voltar para o Brasil, futuramente. Sei que o futuro a Deus pertence, porém, existe uma expressão em inglês que é assim "There is nothing like home" -- "Não existe nada como o lar" -- Bem, meu lar é o Brasil. Por mais que eu ame o Canadá, o povo brasileiro é o meu povo. Eu amo o Brasil com todo meu coração. Brasil é lindo demais. Tem seu lado ruim, mas faz parte. Muita gente dai tem que saber valorizar mais sua pátria. NÃO EXISTE POVO MAIS FELIZ, BONITO, SIMPÁTICO DO QUE O POVO BRASILEIRO.

11. Acredito que essa mudança fez você amadurecer muito, lhe fez mudar. Em que?

Muito. Conheci o mundo inteiro, sem sair daqui. Tenho amigos de todas a nacionalidades: Iraquiano, Colombiano, Russo, Americano, Boliviano, Nigeriano, Filipino. Tenho amigos que são muçulmanos, mórmons, e judeus. Aprendi muito com todos eles. Aqui vi coisas que no Brasil, só via em filme ou jornais. Fiquei ciente, também, que tem um mundo inteiro para ser explorado. Isso me fez amadurecer muito, sabe? O meu jeito de pensar, de ver as coisas, se modificou em uma maneira inexplicável. Por isso que sempre incentivo as pessoas que tem a oportunidade de fazer intercambio, a aproveita-las.

12. O que você tem a dizer a quem pretende fazer essa mudança? Com o que devem estar cientes?

O começo SEMPRE será ruim. Fatores como clima, cultura, saudade, e etc vão lhe fazer pensar "Será que fiz a decisão correta ao me mudar?" Minha dica é sempre se lembrar do motivo que lhe trouxe aqui. Seja família, emprego, ou oportunidade. Isso ajuda muito a você superar esse primeiros meses. Claro que isso vai depender de pessoa para pessoa, ou de cidade para cidade. Por exemplo, é bem mais fácil um brasileiro de adaptar em Miami, do que se adaptar em Xangai. Mas em geral, no começo, vida de imigrante é ruim mesmo, faz parte. Mas uma coisa lhe garanto, se você tiver paciência, verá que valeu apena.




4 comentários:

  1. Owww, que lindos!

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  2. Caramba, deve ter sido bem complicado mesmo, chega me deu um aperto na resposta da quarta quarta pergunta!!!

    Adorei a materia Gaby, super diferente e produtiva!

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  3. Q legal! Adorei! Post mt show
    Amei a foto de vcs e da formatura dele (eu acho) kkk
    Bjjj

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