12.9.15

12.9.15

Sobre a esperança e a minha tatuagem


"Hope" (esperança) e "Believe" (acreditar) sempre foram duas palavras muito fortes no meu dicionário diário. Vou explicar o porque. Quando eu tinha entre meus 14 e 15 anos eu passei por momentos muito complicados e que apesar de sempre ter o apoio dos meus pais em tudo e ter uma relação bem aberta com eles para contar tudo que fosse necessário, eu achei que poderia lidar com as situações que vinham me acontecendo. A verdade é que eu não sabia nem um pouco e a alternativa que eu encontrei para me "livrar" desse sofrimento foi a pior possível: eu me cortava na tentativa da dor sumir. Dá para acreditar no quão "clichê" isso é? Mas era o que acontecia. E é triste pensar que eu fazia isso e que milhões de adolescentes fazem o mesmo e muitas vezes não sobrevivem.

O engraçado é que as pessoas olham para mim e acham que minha vida é cheia de maravilhas por fazer tudo o que eu gosto e ter reconhecimento por isso, mas não imaginam o tanto de coisa pela qual eu já passei e tive que enfrentar, coisas que ninguém merece enfrentar. Quem hoje olha para mim nunca iria imaginar tal coisa. Eu sempre fui muito vulnerável com relação aos meus relacionamentos, todos levaram um pedaço muito grande de mim e me mutilaram de uma forma inexplicável. Minha época de escola nunca foi 100% boa, normal, mas as coisas ruins que me aconteciam não eram coisas tão "normais" assim. Sofria demais por me sentir excluída, ficava aos pedaços quando via todos rodeados por amigos e por eu não ter "tal coisa" não podia fazer parte de tal grupo. Com o tempo fui aprendendo a lidar melhor com isso e fiz amizades muito boas, sim. Não tão boas para durar até hoje, mas boas no tempo necessário.

Entre os meus 14 e 15 aconteceram coisas do tipo, meus dois primeiros relacionamentos que foram muito complicados e a mudança de uma escola que estava me fazendo mal para outra que logo no primeiro ano também me fez muito mal. Isso nunca vai justificar o fato de me mutilar, eu sei. O problema é que na minha cabeça era tão mais fácil desistir, sabe? Tão tola! Eu nunca cheguei ao ponto de fazer isso e chegar pertinho de morrer, quando eu me cortava era como se eu estivesse me punindo e quando eu fazia isso eu estava satisfeita. Claro, já cheguei ao ponto de dizer "não, agora vai de vez, realmente não dá mais", mas graças a Deus eu consegui suportar mais uma vez.

Eu demorei muito tempo para me recompor, para aprender a respirar e levantar a cabeça, para aprender que não importa o quão difícil tudo estar eu tenho que aprender a seguir em frente.

Como já contei em milhões de textos (aqui, aqui e aqui!) esse meu último relacionamento terminou de uma forma brutal e foi algo tão bom que não merecia terminar assim, acho que por isso machucou mais, porque eu sabia que podia terminar tranquilo, mas ele preferiu levar para um lado ruim. Isso me deixa muito mal! Quando isso que aconteceu no texto "Sobre a vontade de desistir", essa ligação me deixou tão desolada que eu me senti voltando para os meus 14/15 anos quando a vontade de desistir e de me mutilar era mais forte que eu. Não, eu não fiz isso. Agradeço a Deus por hoje ter pessoas com quem posso conversar e estas me tranquilizarem. Uma dessas pessoas me disse para eu ter esperança e acreditar que as coisas iriam melhorar, a força do pensamento é maior do que todos os ventos contrários, viu?

Foi ai que refleti muito sobre isso e resolvi tatuar no osso do pulso a palavra "hope", pequena, discreta, mas com um significado que fortalece o meu mundo inteiro só de olhar. Sempre que olho para o meu braço, aperto minha mão, fecho os olhos e dou um sorriso gostoso porque sei que consegui enfrentar mais uma coisa e estou em pé com a cabeça erguida.

Eu mais do que ninguém sei o quanto é difícil chegar no fundo do poço, porque já cheguei nele diversas vezes até chegar ao ponto de aprender a levantar a cabeça e muitas vezes dizer "foda-se". Não foi tarefa fácil e nem nunca vai ser. Mas você tem que continuar. Caio Fernando de Abreu escreveu "Você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças, mesmo que o barco esteja furado." e eu acredito tão fortemente nessa frase que só me resta ter sempre esperança na frente, porque eu sei que as coisas vão melhorar.

Já estão. Aos poucos.

Seja paciente.

3 comentários:

  1. Putz... Que texto surreal!
    Força gaby.

    ResponderExcluir
  2. Oi gaby , eu li seu texto , e sei como é passar por essas coisas, uma escola ruim , eu também até troquei de escola , duas vezes e sofrir nas 3, eu sempre acho que nunca vou ser aceita, por não ser aquele padrão que a sociedade pede, eu não cheguei a me cortar por que eu só achei que machucando a mim mesma, não fará só eu mesma sofrer e sim pessoas ao meu redor que me amam como minha familia e amigos que eu fiz nesse ano e ano passado e tão comigo ainda, e agradeço a deus por ter colocado essas pessoas na minha vida, pode não ser perfeitos, mas são verdadeiros e isso que importa! eu sofri por depressão 2 vezes , a gente até estudou na mesma escola então sei que o G... não é facil , as pessoas não são faceis, eu parei de ir a aula por um mês e uns dias por que não conseguia sair , achava que eu era tão inferior que não queria que me vissem , queria sumir! então é bom saber que não sou a unica, até por que estudavamos na mesma escola , não eramos tão proximas , mas eu te via , e sempre a vi sorrindo , es linda ! e sei que não é só por fora, por tudo que você já batalhou (dos que eu soube) e teve que aguentar, e olha eu já sofrir por relacionamentos tbm é normal , mas saiba que deus está reservando o melhor pra ti ! e peço que ele traga alguém muito especial que irá te completar e seja o seu certo , parabens por tudo que conquistou e teve que aprender ( por que sei que cada sofrimento foi um aprendizado) que continue sorrindo e mostrando que gabryella é especial ! bom ,nem sei se irá ler mas eu quis desabafar também hahahaha bom tenha uma boa semana e que conquiste muito mais vitorias ! :*

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário, critica ou sugestão.